terça-feira, 22 de setembro de 2015

Eliane Brum: Xingu, adeus!


Por meio da página brasileira do jornal El Pais e de seu blog Desacontecimentos, a jornalista Eliane Brum aborda um dos capítulos mais dolorosos do desastre chamado de Belo Monte: a expulsão de moradores, dos desconhecidos João e Raimunda, até a mais destacada liderança da resistência contra a hidrelétrica, Antônia Melo, e a destruição da ilha de Arapujá, em frente de Altamira, para o enchimento da represa.

Por correio eletrônico, Eliane escreve:

O Brasil tem refugiados, em seu próprio país. E sua dor é maior porque não reconhecida. Nesta minha última viagem para o Xingu encontrei pessoas traumatizadas, incapazes de reinventar uma vida se não forem escutadas. "O buraco, o buraco", diz João. É uma vítima de catástrofe.

Não é mais uma história dramática entre tantas do Brasil. É a história de um país que chegou ao presente, depois de tanto ser futuro, e se descobriu atolado no passado. O epílogo de um partido que chegou ao poder com a promessa de dar dignidade aos mais pobres e aos mais desprotegidos e os traiu na porção mais distante do centro do poder político e econômico, a Amazônia. Esta é também a anatomia de uma perversão: a de viver numa democracia formal, mas submetido a forças acima da Lei.


Junto aos textos seguem as fotografias sempre brilhantes de Lilo Clareto, algumas delas reproduzidas aqui.


Adeus, Arapujá


Dom Erwin Kräutler, bispo do Xingu, vive há mais de uma década com escolta policial para não ser assassinado por sua luta pela floresta amazônica, pelos povos tradicionais e pelos mais pobres. Ao ver a ilha de Arapujá, cartão-postal de Altamira, ser destruída para dar lugar à hidrelétrica de Belo Monte, escreveu essa carta-desabafo. Arapujá é apenas uma das muitas ilhas que desaparecerão se Belo Monte começar a operar.

Leia aqui,



O dia em que a casa foi expulsa de casa


A maior liderança popular do Xingu foi arrancada do seu lugar pela hidrelétrica de Belo Monte, a obra mais brutal –e ainda impune– da redemocratização do Brasil.

Leia aqui.



Vítimas de uma guerra amazônica


A saga de João e Raimunda tem seu ápice em dois atos de uma guerra amazônica não reconhecida pelo Estado e pela maioria dos brasileiros. Ainda assim, ela está lá. Aqui. Essa história, decidida neste momento no Pará, na região de Altamira e da bacia de um dos rios mais ricos em biodiversidade da Amazônia, o Xingu, é contada por um homem e por uma mulher, apenas dois entre dezenas de milhares de expulsos pela hidrelétrica de Belo Monte, gente que hoje vaga por um território que não reconhece – e no qual não se reconhece. Mas esta não é mais uma entre tantas narrativas dramáticas em um país assinalado pela violação sistemática dos direitos de negros e de indígenas.

Leia aqui.
Comentários
0 Comentários

0 comentários: