terça-feira, 21 de agosto de 2012

Advogados da União ameaçam cruzar os braços

Luís Inácio Adams, o 'malabarista' jurídico de Dilma.

No trato com os grevistas, Dilma inverte o anátema da Esfinge. Os servidores públicos levam seus enigmas sindicais à mesa e gritam para o Planalto: “Decifra-me ou te devoro.” A presidente manda cortar o ponto, ameaça recorrer a fura-greves estaduais e municipais e devolve o repto: “Devora-me ou te decifro.”
Em três dentadas, Dilma mastigou os grevistas no STJ. Numa, obteve a revogação da liminar que proibira as chefias das repartições públicas de cortar o ponto dos servidores sublevados. Noutra, obrigou 70% da mão de obra da Anvisa a descruzar os braços. Na terceira, proibiu os policiais federais de perturbar a paciência alheia com suas operações-padrão.
Na guerra contra os grevistas, Dilma deve seus êxitos à infantaria da Advocacia-Geral da União. Dali saem as petições que encostam na parede o movimento paredista. Surgiu, porém, um problema: a brigada anti-greve ameaça engrossar o pelotão dos grevistas. A Anauni (Associação Nacional dos Advogados da União) convocou assembleia para a próxima quarta-feira (22).
“Parece que o governo esqueceu definitivamente da Advocacia-Geral da União”, queixa-se o presidente da entidade, Marcos Luiz Silva. “Já não bastavam as condições de trabalho, as dificuldades do dia a dia da carreira, o grande volume de processos, a falta de estrutura de trabalho, e ainda temos que conviver com a total falta de preocupação da cúpula da AGU com a instituição.”
Neste sábado, Marcos Silva participou de reunião no Ministério do Planejamento. Junto com outros sindicalistas, ouviu da boca de Sérgio Mendonça, secretário de Relações do Trabalho, a oferta final de Dilma: 15,8% de reajuste, em três parcelas anuais –a primeira em 2013 e a última em 2015.
Achou pouco, muito pouco, pouquíssimo: “Entendemos que a proposta sequer repõe a inflação”, disse. Materializando-se a ameaça dos advogados, lacra-se o principal paiol de Dilma na batalha contra os grevistas. O Planalto dá de ombros. Acredita que os seus doutores não ousarão acender o pavio da desobediência. Avisa: se acenderem o fósforo, serão devorados.
Fonte: Blog do Josias de Souza
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