segunda-feira, 2 de julho de 2012

A greve dos educadores e a educação das greves


Por Sérgio Domingues*

Em 1899, Lênin escreveu um texto chamado “Sobres as greves”. Em um trecho ele diz que “a greve abre os olhos dos operários não só quanto aos capitalistas, mas também ao que se refere ao governo e às leis”. 

Fazendo referência à situação da época ele afirma:

Do mesmo modo que os patrões se esforçam para aparecerem como benfeitores dos operários, os funcionários e seus lacaios se esforçam para convencer os operários de que o czar e o governo czarista se preocupam com os patrões e os operários na mesma medida, com espírito de justiça.

No texto de Lênin, a greve ensina aos operários que a neutralidade governamental é uma farsa. A polícia, o exército, os juízes e as leis viram-se contra eles da maneira mais brutal e aberta.

A greve em andamento nas universidades federais não envolve operários e patrões. Mas ex-operários e antigos trabalhadores representam o governo. Apesar disso, não negociam, recusam-se a aumentar as verbas para o setor, criaram entidades pelegas para dividir o movimento. Comportam-se de modo tão indigno quanto os lacaios a que se refere Lênin.  

Lênin dizia que os sindicatos podem ser escolas do socialismo. As greves seriam como cursos intensivos. O atual ministro da Educação foi vice-presidente nacional do sindicato dos professores universitários. Deve ter aprendido muito com as lutas e paralisações da categoria.

As lições mais importantes vieram, certamente, das negociações. Aprendeu com antigos governos como enrolar, adiar, enganar. Agora, Mercadante faz uso do aprendizado. Como muitas outras antigas lideranças populares que participam do atual governo, vai chegando à pós-graduação em peleguismo.


Leia: Sobre as greves (Texto de Lenin)
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