quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sindicalismo de governo: Festa ao ar livre reúne sindicalistas e integrantes do governo Dilma

Embalados ao som de música sertaneja e com direito a uma leitoa assada em rolete, deputados federais, ministros e até mesmo o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), participaram uma festa julina na 202 Norte para recepcionar sindicalistas que chegaram ontem a Brasília para uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, prevista para começar às 14h30 de hoje. Regado a muita cerveja, vinho e barulho, o evento, que ocorreu à noite, irritou os moradores da quadra. O som só foi desligado as 23h06.

Cerca de 200 pessoas dançaram e festejaram entre os blocos I e J da 202 Norte, uma quadra que abriga alguns prédios funcionais da Câmara dos Deputados. Representantes da Força Sindical não perderam a oportunidade de comer os pratos típicos de cada região. Os sindicalistas do Rio Grande do Sul, por exemplo, assaram uma costela no bafo. Morador do 6º andar do Bloco I, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), mais conhecido como Paulinho da Força, foi saudado com fogos de artifício quando chegou à comemoração e discursou para os presentes.


Segundo Paulinho, a 4ª Secretaria da Câmara dos Deputados — responsável por supervisionar os apartamentos da Casa — autorizou o festejo. “Tomamos o cuidado de chamar todos os vizinhos para ninguém jogar pedra”, disse. Ele próprio organizou o evento.

Líderes partidários também compareceram à festa julina, decorada com bandeirinhas coloridas. Entre eles, estavam os deputados Giovanni Queiroz (PA), líder do PDT, Lincoln Portela (MG), do PR, e Ana Arraes (PE), do PSB. “Esse evento é importante para mobilizar o Congresso Nacional para as nossas reivindicações. Queremos aprovar a jornada semanal de 40 horas, resolver o fator previdenciário e a questão da terceirização”, finalizou Paulinho.

Temer chegou às 21h, após os discursos. Também foi recepcionado por fogos de artifício que duraram cerca de três minutos. O vice-presidente deixou de lado a formalidade habitual e se mostrou à vontade na presença dos sindicalistas. “Me sinto em casa porque estou entre o Legislativo e os trabalhadores. Não é preciso muita cerimônia porque sou mais um na festa”, brincou.

Quem também participou da farra do porco foi o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS). Ele afirmou no palanque improvisado que o Legislativo está conectado com a pauta da Força Sindical. “O Michel (Temer) já tinha tocado nesse assunto quando foi presidente e vamos dar sequência ao trabalho iniciado. Comemorem muito porque vamos ter muitas conquistas nos próximos dois anos”, disse. Os ministros do Trabalho, Carlos Lupi (PDT-SP), e da Previdência, Garibaldi Alves (PMDB-RN), também foram ao evento. Lupi subiu no palco e cantou a música Marina, de Dorival Caymmi.

Incômodo
Vários moradores da quadra foram atraídos pelo barulho e ficaram curiosos com uma festa que ocorreu entre dois blocos funcionais na noite de ontem. O servidor público Sérgio Cunha, 43 anos, estranhou um churrasco em área pública. Em sua avaliação, outro local deveria ter sido escolhido para os festejos. “Não é apropriado e seguro fazer esse tipo de evento em uma área residencial”, reclamou. O editor de vídeo Guilherme Pastana, 37 anos, morador da quadra, também protestou. “Esses dois prédios estão sempre vazios e, por isso, chamou a atenção (o evento). Se isso virar rotina, será um problema”, comentou.

O Correio entrou em contato com o administrador de Brasília, Messias de Souza, às 22h20, para saber se o evento tinha autorização. Messias explicou que esse tipo de autorização é expedida pela diretoria de serviço da administração, mas não sabia dizer se o churrasco dos sindicalistas tinha permissão para ocorrer. “São muitos os pedidos que passam pela diretoria. Nesse período, é comum a realização de festas julinas.”



O que diz a lei
A Lei nº 1.065, de 1996, relaciona 18 artigos que dispõem sobre as normas de preservação ambiental quanto à poluição sonora. Ela proíbe, por exemplo, a perturbação do sossego e do bem-estar público da vizinhança pela emissão de sons de qualquer natureza que ultrapassem os níveis máximos de intensidade pré-fixados. Na maioria dos condomínios e prédios do Distrito Federal, a lei do silêncio deve ser respeitada antes das 8h e depois das 22h.

Para saber mais
Os imóveis funcionais existem desde a construção de Brasília. Ao todo, são 432 apartamentos, distribuídos por quatro superquadras do Plano Piloto: três na Asa Sul (202, 302 e 309) e uma na Asa Norte (302). O Bloco L da 202 é um dos prédios funcionais. Tem 41 unidades e deveria ser ocupado por deputados, mas boa parte dos parlamentares prefere usar o auxílio-moradia. Na 302 Sul, a superquadra inteira foi construída para abrigar os deputados.

Fonte e fotografias: Correio Braziliense
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