sexta-feira, 25 de março de 2011

Ufopa: professores repudiam perseguição.

Presidente de Sindicato apóia atos autoritários da reitoria, rompe com a base e renuncia. 
Durou pouco o reinado do braço direito da reitoria da Universidade Federal do Oeste do Pará no movimento docente. Em assembléia geral realizada na noite de terça-feira (23 de março), Carlos França renunciou ao cargo de presidente do Sindicato dos Docentes da Ufopa. 

Foi uma assembléia com forte presença de professores, sendo a primeira da categoria desde que a chapa “Alternativa Moderada” assumiu o comando do sindicato, nas eleições de dezembro de 2010. A própria realização da assembléia só foi possível graças a uma mobilização de base, que exigiu da diretoria a convocação. Esta mobilização teve inicio em plenária do “Movimento Uofpa Livre”, formada por estudantes, professores e técnicos administrativos que se opõem ao modelo acadêmico imposto pela reitoria ao conjunto da comunidade universitária. A assembléia também contou com forte presença de ativistas do movimento estudantil, do DCE da Ufopa e de vários coletivos estudantis (Anel, Romper o Dia, Práxis).

Desde o inicio, o ainda presidente do sindicato tentou impor a burocratização. Conduzindo os trabalhos da mesa, Carlos França tentou manobrar para que não fosse acrescida à pauta da assembleia um ponto para tratar da perseguição da reitoria ao professor Gilson Costa e aos técnicos administrativos e estudantes que participaram do protesto contra a ausência de democracia na universidade, ocorrida no dia 18 de setembro (Veja em Ufopa: Reitor se irrita com protesto e interrompe aula inaugural).

O até então presidente havia enviado para todos os professores, usando o correio eletrônico do sindicato, a exigência para o reitor punir o professor de sua própria base. Confira em WikiLíngua: Correio eletrônico de Carlos França.

A assembleia não só aprovou a inclusão do ponto de pauta, como antecipou para ser o primeiro a ser tratado. Numa reação desesperada, o presidente do Sindicato argumentou que a entidade não existia e que a assembleia não tinha legitimidade mudar a pauta.

Um membro da diretoria se propôs para substituir o presidente da mesa, sendo ovacionado pelos presentes.  Apesar disto, o presidente continuava fazendo intervenções sem se inscrever e negava-se a encaminhar a votação de moção e ameaçou renunciar à presidência do SINDUFOPA, talvez esperando a implosão da assembléia.


 Os professores aprovaram a moção de solidariedade ao professor Gilson Costa, vítima de perseguição política do reitor nomeado Seixas Lourenço (Veja em Enquanto isto, na Universidade Operacional, instala-se a inquisição!) e aos técnicos e estudantes envolvidos em duas sindicâncias.  Deliberou-se também a exigência da imediata anulação do processo administrativo disclipinar contra o professor e das sindicâncias e que a diretoria do sindicato e uma comissão de professores devem procurar o reitor para entregar a moção.  

Carlos França se retirou  para não continuar vê os seus pares votando democraticamente.  Saiu lentamente,  ignorado por todos, recebendo apenas um tchauzinho de um outro colega. O líder sindical que outrora pedia moderação e apontava que o papel de um sindicato seria construir creches, saiu desmoralizado.

Outros encaminhamentos
No ponto sobre a Estatuinte, a categoria vetou a participação de qualquer professor com cargo de confiança, ficando fora desta comissão a Profª Terezinha Pacheco e o Profº Clodoaldo, sendo este ultimo acusado de golpe contra a categoria pelo Profº Dr. Hélio Moreira, por se lançar ilegitimamente presidente da estatuinte em um fórum inadequado de representação.

“Vivenciamos, na Ufopa, um período de despotismo e temos um despota travestido de Reitor por tempore em seu comando“, declarou o Professor Hélio Moreira, momento antes de ser eleito novo presidente da Estatuinte. Outros três professores foram escolhidos como titulares e mais quatro suplentes.


O REI-tor da Ufopa sofreu duras derrotas. Porém, foi no mínimo constrangedor vê professores aliados ao projeto imposto pela reitoria em nenhum momento intervirem para defender o que está sendo feito ou mesmo fazer a defesa da punição do professor Gilson Costa e dos estudantes e técnicos. Seixas não estava presente, mas ao mesmo tempo focou sozinho naquela assembléia.
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