quarta-feira, 30 de março de 2011

Sustentabilidade para empresas e desastre para povos da Amazônia

Por Edilberto Sena*

Merece alguma análise crítica o chamado Fórum Mundial de Sustentabilidade, que aconteceu nestes dias em Manaus. Já o título é bombástico – “Segundo Fórum Mundial de Sustentabilidade”. Lendo a frase até que chama a atenção.
Aí, se confere quem são os participantes do dito fórum, entre os quais estarão, a Ministra de Meio de Ambiente do Brasil, alguns empresários, alguns políticos, dirigentes de órgãos governamentais e algumas ONGs.
Com tal elenco, vem as perguntas preocupantes: Quem vai sair ganhando com o resultado do Fórum Mundial de Manaus, o ambiente sustentável ou o crescimento econômico das empresas e indústrias? O que significa para os participantes a sustentabilidade?
Parece que os dois personagens estelares do encontro são ligados ao cinema de ficção. Um deles tem um filme negativamente sugestivo – “O Exterminador do Futuro”. O outro cineasta é autor de vários filmes de ficção, entre os quais, “Avatar”, uma ilusão de vitória de nativos contra invasores alienígenas.
Segundo os promotores do evento, seu objetivo é tratar do valor econômico, ambiental e social da floresta. Curiosamente, não foram convidados: organizações indígenas, movimentos sociais, que lutam contra barragens, ribeirinhos, nem sindicatos de trabalhadores rurais da região, pois o fórum debateu as questões da floresta amazônica, como fonte de lucro e comércio.
A sustentabilidade parece se concentrar no equilíbrio dos lucros das empresas. Afinal, a Ministra do Meio Ambiente é a mesma que dá aval à destruição dos rios da Amazônia para garantir a construção de dezenas de hidrelétricas à·serviço do crescimento econômico do Brasil. Como fazer isso, sem destruir o equilíbrio ambiental e social?
Talvez só no Avatarlândia. Já que o cineasta Cameron foi uma das estrelas cintilantes do segundo Fórum mundial de Manaus, pode-se imaginar que as conclusões do magno evento sejam ficção científica e já que a outra estrela cintilante é o Exterminador do Futuro, não se pode ter esperança para a Amazônia e os amazônidas. Estes terão que encontrar outra estratégia mais sustentável social e ambiental.
A depender do Fórum de Manaus, sustentável mesmo serão os lucros da ALCOA, VALE, MRN e empreiteiras das hidrelétricas em construção em Jirau, Santo Antônio, Belo Monte e demais projetadas pela Eletromorte.
*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 26 de março de 2011.
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