quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Londres: 50mil estudantes marcham contra aumento de mensalidades

Estudantes participaram nesta quarta-feira, durante cinco horas, de um cerco ao prédio onde funciona o quartel-general do Partido Conservador, em Londres, onde penetraram à força - um ato que degenerou em manifestação sem precedente contra o aumento do preço das taxas anuais de matrícula cobradas pelas universidades, que triplicou, constatou a AFP.

O confronto entre estudantes e a polícia terminou por volta das 18H00 GMT, tendo sido trasmitido ao vivo pelos canais de televisão.

No final do dia, a Scotland Yard anunciava 14 feridos leves, entre eles sete policiais e 32 detenções. Uma policial, atendida na emergência, estava com o rosto ensanguentado.

Os estudantes entraram por volta das 16h00 GMT (14h00, horário de Brasília), no edifício, próximo ao Parlamento, às margens do Tâmisa, após quebrarem janelas de vidro.

Os policiais tentaram primeiramente expulsar os manifestantes com golpes de cassetete, desistindo, depois, do corpo a corpo.

No início da tarde, dezenas de manifestantes conseguiram chegar até o telhado, onde colocaram faixas. Outros acenderam uma fogueira em frente à torre.


As forças de ordem estavam visivelmente surpresas com a violência e unidades da tropa de choque chegaram ao local tardiamente.

Aaron Porter, presidente do Sindicato Nacional dos Estudantes (NUS), disse "condenar completamente a violência", afirmando estar "orgulhoso da participação pacífica de 50 mil estudantes na manifestação" organizada durante o dia. "Aqueles que estão aqui para causar a desordem deveriam se envergonhar", acrescentou para a BBC.

A polícia estimou em cerca de 20 mil estudantes os participantes nos protestos contra o projeto governamental de aumentar as taxas escolares nas faculdades inglesas.

Trata-se da maior manifestação organizada desde o início do mandato do conservador David Cameron, em maio passado.

"Os políticos parecem 'nem estar aí'. Eles deveriam pegar dinheiro das pessoas que ganham muito, que recebem salários de sete dígitos, mas não de estudantes que não têm dinheiro", declarou Anna Tennant-Siren, da Universidade de Ulster em Coleraine, na Irlanda do Norte.

"Não aceitaremos que a geração anterior passe essas dívidas para a geração seguinte", declarou por sua vez o líder sindicalista Aaron Porter.

Nos cartazes, lia-se "Parem com os cortes na educação" ou "9 mil libras, nem pensar!"
À tarde, durante sabatina do governo na Câmara dos Comuns, o vice-primeiro-ministro Nick Clegg, líder dos liberais-democratas, teve de encarar um debate contra o projeto de aumento da matrícula nas universidades.

A medida, defendida pelos conservadores, foi aceita pelos liberais-democratas que fazem parte da coalizão governamental, apesar de os "LibDems" terem prometido durante a campanha eleitoral não aumentar as taxas escolares.

Atualmente, as taxas de matrícula para estudantes britânicos e europeus em universidade inglesas não podem passar de 3.290 libras (5.275 dólares) por estudante e por ano.

Mas o governo do conservador David Cameron quer autorizar as universidades a cobrar 6 mil libras e, em "circunstâncias excepcionais", até 9 mil libras.

Fonte: AFP
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1 Comentários

1 comentários:

Anônimo disse...

Há exemplos diversos do direito de resistência pelo mundo, diante das políticas educacionais.
Espero que um dia, breve, venha acontecer na UFOPA/UNIAM.

Laurimarcio Figueira (UFPA)