sábado, 17 de janeiro de 2009

Desprezo pelo verde

No blog do Jeso Carneiro!

O engenheiro agrônomo do Incra Cândido Neto da Cunha comenta o post Imita Santarém!, da lavra de Manuel Dutra:

Estou em Santarém há pouco mais de três anos e uma das coisas negativas que me impressionou foi como uma cidade tão quente e úmida possui tão poucas árvores em espaços públicos.

Interessante que o mesmo não se repete nos quintais, onde mesmo desordenamente, a população cultiva frutíferas e plantas ornamentais. Neste sentido, o poder público local está atrás da população.

A orla da cidade, tão bonita, só pode ser visitada à noite, pois durante o dia um calor escaldante reforçado com asfalto e calçadas de cimento, tornam insuportável até mesmo passar por lá após as nove horas do dia. O que poderia deixar o cartão-postal da cidade mais bonito e valorizar o espaço público para população local e visitante é um paisagismo às avessas: uma rua de concreto e com poucas árvores em pleno coração da Amazônia.
As praças públicas estão com árvores velhas, cheias de cupins, doentes, mal podadas. A vegetação é plantada ao Deus dará, sem qualquer planejamento paisagístico e cuidados agronômicos. As poucas árvores existentes nas vias públicas são plantadas em locais impróprios como embaixo de postes e fiação.

Também o contrário: postes e fiação passam por cima das árvores, desconfigurando sua copa e tornado-as feias e sem qualquer função. Qualquer espécie é colocada em qualquer lugar e em poucos anos mudas se transformam em “monstros” a quebrar calçadas, interromper encanamentos e a cair sobre casas nas primeiras chuvas com vento. Plantas tóxicas estão ao lado de brinquedos das crianças.

As árvores e as plantas em geral, além do valor ambiental e dos inúmeros benefícios trazem consigo valores históricos. Uma cidade cheia de migrantes como Santarém, tem inúmeras árvores que são típicas do Ceará, do Maranhão, de Goiás…. Foram introduzidas neste processo migratório e pouca gente na cidade sabe disso.

Igual desprezo há com as espécies da Amazônia, pouco cultivadas na cidade. Preferem-se palmeiras-imperiais a qualquer uma das dezenas de lindas palmeiras nativas da Amazônia.
Santarém não tem jardim botânico. Um sonho diante deste caos. Deveria ter pelo menos uma equipe eficiente de podas, limpeza, tratamento, substituição das espécies já existentes. Já seria o começo.
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