quinta-feira, 6 de março de 2008

“Invasão” inusitada

Hoje li uma notícia das mais inusitadas: A “invasão” de um assentamento pelos “assentados”. Trata-se na verdade de uma disputa territorial das mais emblemáticas aqui no Oeste do Pará, envolvendo uma madeireira internacional, madeireiras da região de Pacajá e Portel, Incra, Ibama, Sistema Florestal, Governo do Pará, MPF, sindicalistas, posseiros, assentados virtuais e toda a sorte de gente.

Segue um trecho da matéria “Colonos reivindicam área grilada por madeireira holandesa no Sul do Pará”, do “insuspeito” jornalista Paulo Leandro Leal.

“Uma área de aproximadamente 40 mil hectares que pertence à União, mas está sob o domínio da mega madeireira holandesa Precious Woods, na região da Transamazônica (BR0-30), foi ocupada há um mês e meio por colonos sem-terras. Um grupo com cerca de 100 pessoas invadiu parte de área que, segundo um dossiê montado em 2005 por moradores da região e entregue às autoridades, foi grilada pelo grupo empresarial holandês, que tem um manejo aprovado e foi beneficiada por um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) chancelado pelos governos estadual e federal e pelo Ministério Público Federal.

A área pública de onde a Precious Woods já retirou grande quantidade de madeira de lei fica localizada no município de Pacajá, entre os rios Aruanã e Pacajá. Os colonos invadiram a área em janeiro, mas o problema vinha sendo mantido em sigilo pela empresa. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Pacajá, os invasores não pertencem ao Movimento dos Sem Terras (MST), mas são pessoas que estão na Relação de Beneficiários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) à espera de um lote de terra do governo.

A invasão às terras controladas pela Precious Woods retomou em Pacajá o debate sobre o uso da área, onde os pequenos agricultores da região pediam a criação de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS). No entanto, graças uma manobra do Incra e do Ibama, considerada ilegal pelos moradores da região, a empresa não só conseguiu manter o controle das áreas como teve aprovado um plano de manejo florestal. A continuação deste projeto ocorreu graças a um contrato assinado com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), o que revoltou os empresários do setor madeireiro da região, pois eles avaliam que deveria haver uma licitação, já que se trata de terras públicas.”

A matéria na íntegra pode ser lida no sítio http://www.pauloleandroleal.com/site/news.asp?cod=8989
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